A importância de discutir cannabis e saúde feminina no Outubro Rosa

Conforme o mês de outubro se pinta de rosa, o foco da sociedade se volta, como todos os anos, para a conscientização sobre o câncer de mama, movimento globalmente conhecido como Outubro Rosa, que celebra a luta e a sobrevivência das mulheres diante dessa doença tão desafiadora. 

Em meio a essa corrente de solidariedade e informação, um tópico emergente — e por vezes bastante negligenciado — começa a ganhar espaço: a relação entre a cannabis e a saúde feminina.

Ainda que possa parecer inesperado, tal conexão tem se mostrado cada vez mais relevante, visto que a cannabis medicinal pode atuar como uma possível aliada para mulheres que enfrentam o câncer de mama, oferecendo benefícios terapêuticos que incluem alívio da dor, redução da náusea e melhoria do bem-estar emocional.

Porém, muito além do aspecto oncológico, a planta também tem sido amplamente indicada como uma possível solução para aliviar as dores e desconfortos que muitas mulheres enfrentam durante seus ciclos menstruais e, mais especificamente, no tratamento da endometriose.

E por que, afinal, também devemos discutir cannabis e saúde feminina no Outubro Rosa?

Além do tratamento para o câncer: cannabis para saúde feminina

Ainda que seja um mês dedicado à conscientização sobre o câncer de mama e à promoção da prevenção e detecção precoce da doença, a saúde feminina abordada no Outubro Rosa vai muito além da oncologia.

É o que ressalta Jessica Durand, médica e especialista em cannabis medicinal: “A Cannabis tem tudo a ver com este mês, tem tudo a ver com a saúde feminina, e nós precisamos cada vez mais discutir seus usos e oferecer esse tipo de tratamento para as nossas pacientes, para que elas possam trilhar uma vida com mais equilíbrio, com mais clareza de pensamento e com melhor qualidade de vida”.

Olhando por essa perspectiva, ampliar o foco neste mês é um passo significativo em direção a uma sociedade mais consciente e solidária em relação a todas as dimensões da saúde feminina, incluindo as possibilidades que a cannabis medicinal pode oferecer.

Saúde mental feminina: durante o Outubro Rosa, é crucial lembrar que a saúde mental das mulheres desempenha um papel fundamental em seu bem-estar geral. A pressão social, as demandas familiares e profissionais, bem como as mudanças hormonais podem impactar a saúde mental das mulheres. 

Autocuidado: promover o empoderamento feminino em relação à sua própria saúde é essencial. Isso envolve não apenas conscientização sobre exames de mama, mas também o estímulo ao autocuidado, à adoção de hábitos saudáveis e à busca por informações para tomar decisões informadas sobre sua saúde.

Combate ao estigma e papel da cannabis: outro aspecto muito importante é o combate ao estigma em torno de problemas de saúde específicos das mulheres, como a menstruação, a endometriose e a menopausa, discussão que se estende também a cannabis medicinal, uma vez que seu uso terapêutico tem se mostrado eficaz no alívio de sintomas relacionados à saúde feminina, como dores menstruais e cólicas, bem como no tratamento da endometriose. 

Cannabis medicinal no tratamento do câncer de mama

O tratamento do câncer de mama pode ser uma jornada árdua para as pacientes, frequentemente acompanhada de efeitos colaterais debilitantes, como náuseas, dores crônicas, insônia e ansiedade. 

É aí que a cannabis medicinal, com seus canabinoides naturais, entra em cena como aliada no alívio desses sintomas. 

“A cannabis é uma planta com um potencial gigantesco para tratar diversas questões frequentes na população feminina. Desde questões que versam sobre a saúde íntima feminina, quanto questões realmente de saúde no geral que são mais frequentes em mulheres”, destaca Jessica.

O CBD, conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, tem se mostrado eficaz no alívio da dor crônica, uma queixa comum entre pacientes em tratamento oncológico. Além disso, o CBD pode ajudar a controlar a náusea e os vômitos induzidos pela quimioterapia, permitindo que as pacientes mantenham uma melhor qualidade de vida durante o tratamento.

Enquanto isso, o THC, conhecido por seus efeitos psicoativos, também pode desempenhar um papel importante no combate à dor, além de ajudar na redução da ansiedade e na melhoria do apetite, o que pode ser crucial para a nutrição das pacientes em tratamento.

É importante ressaltar que o uso da cannabis medicinal no tratamento do câncer de mama deve ser sempre supervisionado por profissionais de saúde especializados. A dosagem e a forma de administração adequadas variam de paciente para paciente, e o acompanhamento médico é essencial para garantir a segurança e eficácia do tratamento.

Principais dicas para a prevenção do Câncer de Mama

A detecção precoce do câncer de mama é mais do que fundamental na jornada de tratamento e recuperação das pacientes diagnosticadas com a doença. Isso porque, quanto mais cedo a doença é identificada, maiores são as chances de um tratamento bem-sucedido. Aqui estão algumas das principais dicas para cuidar da saúde mamária e contribuir para a prevenção do câncer de mama:

1. Autoexame das mamas

O autoexame das mamas é um recurso simples e poderoso que todas as mulheres podem incorporar à sua rotina mensal. Ao se familiarizar com a textura e forma de suas mamas, é mais fácil identificar quaisquer alterações. Qualquer caroço, inchaço, dor persistente ou mudança na aparência deve ser imediatamente reportado ao profissional de saúde.

2. Mamografia de rastreamento

A mamografia é um exame de imagem que pode detectar lesões mamárias ainda não palpáveis. As diretrizes de rastreamento podem variar de acordo com a idade e histórico familiar, mas muitas mulheres começam a fazer mamografias regularmente a partir dos 40 anos. Consulte seu médico para determinar a frequência adequada para você.

3. Converse com um médico

Ter um diálogo aberto com o médico é essencial. Eles podem lhe orientar sobre o melhor plano de rastreamento e fornecer informações muito importantes sobre como reduzir os fatores de risco pessoais.

4. Adote um estilo de vida saudável

Abraçar um estilo de vida saudável é uma medida importante na prevenção do câncer de mama, bem como diversas outras doenças. Mantenha um peso corporal saudável, pratique atividades físicas regularmente, limite o consumo de álcool e fique de olho na qualidade do seu sono.

5. Alimentação balanceada

Uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais e alimentos com baixo teor de gordura pode contribuir para a prevenção do câncer de mama. 

“Evitar alimentos processados ou ultraprocessados, o consumo excessivo de gorduras saturadas, preferir, então, uma alimentação com proteínas, com teor mais baixo em gordura e mais rica em verduras, vegetais, leguminosas e oleaginosas também”, aconselha Jessica Durand.

É importante, contudo, consultar um profissional nutricionista para criar uma dieta baseada na sua rotina, peso, altura e restrição alimentar.

6. Evite o tabagismo

O tabagismo está associado a um maior risco de desenvolver vários tipos de câncer, incluindo o de mama. Parar de fumar pode reduzir significativamente esses riscos.

7. Conscientização e apoio

Participar de eventos e atividades relacionadas ao Outubro Rosa ajuda a manter a conscientização sobre a importância da prevenção e a oferecer apoio a outras mulheres que enfrentam o câncer de mama, seja compartilhando informações ou apoiando iniciativas.

Referências

Medical Cannabis: Marijuana, CBD, and Breast Cancer. BreastCancer.org, 2023. Disponível em: https://www.breastcancer.org/treatment/complementary-therapy/types/medical-cannabis 

Tratamento com cannabis ajuda a manter bem-estar feminino. Diário de Pernambuco, 2023. Disponível em: https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/saude/2023/03/tratamento-com-cannabis-ajuda-a-manter-bem-estar-feminino.html 

Detecção precoce do câncer de mama. Instituto Nacional do Câncer (Inca), 2023. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document/folder-deteccao-mama-2023_0.pdf 

Diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama no Brasil. Instituto Nacional do Câncer (Inca), 2017. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//sumario-diretrizes-deteccao-precoce-mama-2017.pdf