Conheça o primeiro uso da cannabis para tratar dor menstrual
Cólicas e a famosa TPM são as grandes vilãs da fase reprodutiva feminina. No entanto, o uso da cannabis para tratar dor menstrual pode ser de grande ajuda para tornar este período mais fácil para as mulheres. Esta aplicação terapêutica remonta a milhares de anos e evidencia um benefício ainda pouco estudado mas com muito potencial.
Hoje, já existem empresas focadas em produzir cremes, supositórios e absorventes internos infusionados com CBD para atenuar as dores menstruais. A marca pioneira deste segmento é a Foria, líder no setor desde 2013. Até a atriz Whoopi Goldberg teve uma linha de produtos à base de cannabis para tratar dor menstrual, a Whoopi and Maya, cujas operações foram encerradas no ano passado.
Existem poucos dados científicos a respeito da ação da cannabis especificamente no combate à dismenorreia. Por isso, a Foria criou um estudo inédito com o Dr. Staci Gruber, um professor da Harvard Medical School, para rastrear os resultados auto-relatados de 400 mulheres usando supositórios de CBD durante vários meses, cujos resultados foram bastante positivos.
Se por um lado há uma certa escassez de dados científicos, por outro existem muitos registros ao longo da história da humanidade sobre o uso da cannabis para tratar dor menstrual.
Cannabis para tratar dor menstrual na Mesopotâmia
O primeiro registro histórico da aplicação de cannabis contra cólicas remonta a 3.000 aC, na Mesopotâmia. O arqueólogo britânico Reginald Campbell Thompson passou 50 anos decifrando 19.000 tábuas assírias recuperadas do monte de Kouyunjik, um sítio arqueológico em antigas ruínas de Nínive. Nessa pesquisa foi descoberto que os assírios chamavam a Cannabis de diferentes formas, que variavam de acordo com o uso:
- “Qunnabu”, quando a planta era utilizada em rituais religiosos;
- Azallu, era um termo medicinal semelhante ao que chamamos de “cânhamo”;
- Gan-zi-gun-nu, quando o uso era adulto.
Já os sumérios utilizavam o termo “azalla”.
Curiosamente, a cannabis para tratar dor menstrual foi citada por mais de 30 vezes no combate de doenças nos tais manuscritos recuperados, principalmente, contra cólicas e dores do parto. Existem evidências de que esse uso pode ser ainda mais antigo, do século 7aC.
As mulheres criavam bebidas à base de ervas – como o açafrão e hortelã – junto com sementes de cânhamo para aliviar as dores da menstruação e para melhorar o parto difícil. A tristeza típica da Tensão Pré Menstrual também encontrava um porto seguro na Cannabis. A “azallu” era prescrita para depressão, neste caso deveria ser ingerida com estômago vazio.
Naquela época, o exercício da medicina era atrelado a feitiçarias e rituais. Doenças eram associadas a demônios. Amuletos eram utilizados para “afastar” sintomas desconfortáveis.
Os tratamentos de saúde alternavam aplicação de emulsões, ingestão de chás e tinturas com rituais para afastar os espíritos demoníacos causadores de enfermidades. Por isso, a menstruação era associada a um “demônio vermelho”. Mulheres menstruadas eram designadas como “musukkatu”, cuja tradução é “impura”. Nas cerimônias, muitas vezes, era utilizado o leite de uma mulher “musukkatu” ou até mesmo a urina. Os homens que tivessem contato com uma mulher menstruada eram amaldiçoados. A única forma de serem “curados” era ter contato com leite materno, para limpar a “maldição da menstruação”. Na cidade de Ur, as mulheres não tinham permissão para trabalhar na construção de templos para que não menstruassem e poluíssem o edifício. Até um ponto específico do Rio Eufrates era designado para que as mulheres menstruadas tomassem banho, pois acreditava-se que elas também “amaldiçoaram” as águas desta forma.
A menstruação estava cheia de tabus que são refletidos até os dias de hoje, mas a Cannabis era vista de forma muito positiva. A planta era matéria-prima para perfumes femininos. O termo “qunnabu” servia de apelido para algo “fofo”, uma expressão de carinho.
Os médicos, médicas e profissionais da área de saúde, que tiverem curiosidade em saber mais sobre os benefícios da cannabis para tratar dor menstrual e outros condições da saúde feminina, podem aproveitar a palestra “Cannabis na Saúde da Mulher” da Dra. Genester Wilson-King no CNABIS 21. No dia 5 de agosto ela abordará o tema com todas as referências científicas para este uso. Para quem deseja se aprofundar no universo feminino, recomendamos também uma visita ao stand da Xah com Mariaz no evento.
O CNABIS 21 é um congresso online gratuito que abordará temas relevantes sobre a cannabis e seu potencial terapêutico. Inscreva-se gratuitamente aqui.
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Xah com Mariaz e Dr. Cannabis
Este texto sobre o uso da cannabis para tratar dor menstrual é uma colaboração entre a Dr. Cannabis e a Xah com Mariaz. Foi escrito por:
Danila Moura, COO Xah com Mariaz, terapeuta canábica e jornalista com atuação na grande imprensa, como Folha de S.Paulo, Veja S.Paulo, Revista Exame e Revista Aventuras na História.
A Xah com Mariaz é uma comunidade que conecta mulheres ao ecossistema da Cannabis através da educação, arte e cultura.