Prática clínica: As dúvidas mais comuns sobre cannabis medicinal

Published On: 19/10/20233.7 min read

O uso de produtos à base de cannabis pode tratar uma variedade de condições médicas, o que levanta uma série de dúvidas dentro da própria comunidade médica, especialmente no que tange a prática clínica diária.

Com uma abordagem baseada em evidências e informações atualizadas, os profissionais de saúde podem tomar decisões informadas para oferecer o melhor cuidado possível aos pacientes que buscam tratamento com cannabis medicinal.

A seguir, iremos explorar as preocupações mais comuns enfrentadas pelos profissionais de saúde e fornecer insights e orientações para ajudá-los a navegar nesse cenário em constante evolução. 

Como escolher o produto certo para cada paciente?

Antes de tudo, é preciso ter em mente que nem todos os produtos à base de cannabis são iguais, e diferentes cepas e formulações podem ser mais eficazes para certas condições.

Para escolher o produto adequado para cada paciente, é necessário levar em consideração diversos fatores, como a condição médica específica do paciente e os sintomas que precisam ser tratados. 

Outro fator a ser considerado é a via de administração, que pode incluir vaporização, óleos, cápsulas, comestíveis e tópicos. A escolha da forma de administração depende das preferências do paciente e da rapidez com que o tratamento precisa agir.

Em última análise, a decisão deve ser baseada na avaliação cuidadosa das necessidades e preferências individuais de cada paciente, em conjunto com a orientação médica especializada.

Como dosar e orientar a administração de cannabis medicinal para meus pacientes?

Determinar a dosagem adequada e fornecer orientação precisa aos pacientes é uma tarefa complexa. Para iniciar esse processo, é essencial estabelecer uma abordagem personalizada, baseada nas necessidades e condições específicas de cada paciente. 

A consulta com um profissional de saúde qualificado e habilitado é o primeiro passo, que irá permitir uma avaliação completa do histórico de saúde do paciente, bem como a identificação de eventuais interações com outros medicamentos. 

É justamente essa avaliação personalizada auxilia na determinação da via de administração, dose ideal, seja ela derivada de canabidiol (CBD) ou tetrahidrocanabinol (THC), e no desenvolvimento de um plano de tratamento adequado.

Por fim, a monitorização contínua é essencial para avaliar a eficácia do tratamento, fazer ajustes na dosagem, se necessário, e verificar possíveis efeitos colaterais. 

Como a cannabis medicinal interage com outros medicamentos que meu paciente está tomando?

A cannabis contém uma variedade de compostos ativos, sendo o CBD e o THC os mais conhecidos, por isso a interação dos canabinoides com outros medicamentos pode variar dependendo da composição química da planta e dos medicamentos envolvidos. 

Neste cenário, os médicos e profissionais de saúde desempenham um papel fundamental na avaliação dessas interações, uma vez que, por exemplo, certos medicamentos, como os anticoagulantes ou os que afetam o fígado, podem interagir com a cannabis, alterando a eficácia ou os níveis sanguíneos dos fármacos. 

Assim, a dosagem e a frequência de administração podem precisar ser ajustadas para evitar possíveis efeitos colaterais prejudiciais.

Quais critérios devo seguir na hora de receitar o canabinoide para o meu paciente?

Na hora de prescrever canabinoides a um paciente, os médicos e cirurgiões-dentistas — atualmente as únicas classes regulamentadas pela Anvisa a prescreverem cannabis —, devem seguir um conjunto de critérios rigorosos para garantir um tratamento seguro e eficaz. 

Em primeiro lugar, é essencial realizar uma avaliação médica abrangente para determinar se o uso de canabinoides é apropriado para o paciente em questão, o que irá envolver a revisão do histórico médico, a identificação de condições médicas existentes e a consideração de fatores como idade, histórico de uso de substâncias e possíveis interações medicamentosas.

A dosagem, por sua vez, deve ser personalizada de acordo com as necessidades do paciente, e os médicos devem monitorar de perto os efeitos colaterais e o progresso ao longo do tratamento.

Além disso, a educação do paciente também é muito importante, principalmente a respeito dos riscos, benefícios e alternativas ao tratamento com canabinoides, promovendo uma comunicação aberta e informada durante todo o processo de prescrição.