Qual o papel do enfermeiro em um tratamento com cannabis?

A enfermagem é uma profissão fundamental para a qualidade e evolução de diversos tratamentos. Geralmente, os enfermeiros fazem o contato inicial com os pacientes e mantêm um vínculo mais próximo com pessoas internadas em hospitais, por exemplo.

Mas você já se perguntou como o enfermeiro atua em um tratamento à base de cannabis? Embora não possam prescrever canabinoides, estes profissionais garantem o acompanhamento medicamentoso e desempenham um papel fundamental na relação entre paciente e a terapêutica.

Por isso, ao falar da jornada de um paciente em um novo tratamento, é imprescindível inserir o olhar do profissional da enfermagem, especificamente quando falamos da cannabis. 

Inclusive, à medida que a pesquisa científica avança, a adesão ao tratamento está crescendo. No Brasil já são mais de 430 mil pacientes em tratamento, e para atender essa demanda a enfermagem vem integrando a terapia no cotidiano clínico.

Enfermagem e cannabis medicinal

De acordo com Sandro Oliveira, que gerencia o programa de cuidado coordenado da Cannect, o enfermeiro é o principal elo entre o tratamento e o prescritor de canabinoides.

“Talvez por alguma questão social, é comum que pacientes sintam-se mais à vontade para falar com enfermeiros. Muitas pessoas saem do consultório médico com dúvidas que não são tiradas por vergonha”, avalia.

No caso da cannabis medicinal, é crucial que o tratamento seja multifacetado. Isso porque os produtos à base da planta regulam o Sistema Endocanabinoide, um mecanismo  que trabalha a nível molecular restaurando a homeostase, ou seja, o equilíbrio de várias funções do corpo como fome, humor, sono e o sistema imunológico. 

Resumindo: é um sistema que está presente em todo o organismo e pode ter interação com outros tratamentos ou práticas que tragam o bem-estar. 

A cannabis entra como uma ferramenta que pode melhorar as alterações metabólicas geradas por uma má alimentação ou pelo sedentarismo, por exemplo. Combinado às atividades diárias, contribui para a diminuição das dores e controle da ansiedade e do estresse.

De acordo com Sandro, um dos papéis do enfermeiro é gerenciar as áreas da saúde que possam ser impactadas pelo tratamento, como a psicologia, a nutrição e a fisioterapia.

Essa é apenas uma das missões do cuidado coordenado da Cannect, que não assume o protagonismo do tratamento, mas acompanha o paciente de ponta a ponta. 

Como funciona o Cannect Cuida?

O programa foi desenvolvido por um grupo de enfermeiros especialistas em cannabis medicinal e tem o objetivo de tirar as dúvidas sobre a terapia canabinoide, bem como acompanhar a evolução de cada paciente.

Gratuitamente, os enfermeiros alertam sobre o que pode (e o que não pode) ao longo do processo, bem como eventuais efeitos colaterais – casos eles aconteçam. 

“Nós pegamos a prescrição dos médicos, junto com muito embasamento técnico e científico, e apoiamos o paciente em relação às suas dúvidas”, explica o gestor do Cannect Cuida. 

Etapas do cuidado coordenado

Após adquirir a prescrição e documentos necessários – e posteriormente adquirir os produtos – seus pacientes já podem ser acompanhados gratuitamente pela equipe de enfermagem.

Os atendimentos iniciais tentam entender o dia a dia dos pacientes, assim como seus motivos para procurar a cannabis medicinal. A partir disso, são levantados pontos focais que são usados para identificar sintomas ou condições de saúde que não foram classificados como prioritários.

Embora os enfermeiros do programa estejam mais próximos naquele momento, a decisão final sempre será do profissional que fez a prescrição.

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